Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Servidora representa o Brasil em evento internacional sobre estudantes com deficiência

Notícias

Servidora representa o Brasil em evento internacional sobre estudantes com deficiência

Educação Inclusiva

Na ocasião, Sarah Barreto apresentou documento construído no Instituto que prevê a adaptação curricular para estudantes com deficiência.
por Ferdinanda Maia / Comunicação Social da Reitoria publicado 10/04/2017 00h00, última modificação 21/05/2017 13h22
Show image carousel Sarah compartilhou suas experiências acadêmica e profissional no IFF.

Sarah compartilhou suas experiências acadêmica e profissional no IFF.

 O curso “Proposta Curricular: modelo, abordagem e implementação, garantindo o acesso aos estudantes com deficiência”, organizado pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento, pela Fundação Once de Solidariedade para América Latina e por Perkins International, foi realizado de 03 a 07 de abril, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, com a participação de representantes de diferentes países da América do Sul: Uruguai, Venezuela, Peru, Brasil, Paraguai, Equador, Colômbia, Chile, Bolívia e Argentina.

 A representante brasileira foi a servidora do IFFluminense, Sarah Barreto Marques Ribeiro, que participou a convite da Organização Nacional de Cegos do Brasil, da qual faz parte desde 2012 e trabalha voluntariamente na área de tecnologia e acesso à informação. “Como a ONG trabalha na defesa dos direitos de pessoas com deficiência visual, ela recebeu o convite para participar e me indicou como representante”, conta Sarah.

 O evento teve por objetivo ensinar aos educadores a como fazer uma proposta curricular verdadeiramente inclusiva, adequada para os diversos casos de deficiência. Participaram 30 pessoas, em sua maioria professores e profissionais que trabalham com educação inclusiva. “O conteúdo deve ser o mesmo, mas é preciso pensar, a partir do momento em que você tem um aluno com deficiência, em como fazer um currículo adequado para ele, de uma forma ou um tempo diferente, dependendo da necessidade do estudante”, enfatiza.

 Como representante brasileira, Sarah, que tem deficiência visual, apresentou sua experiência enquanto ex-aluna e servidora do IFFluminense. Ela cursou na instituição o Curso Técnico em Informática e o Curso Superior em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

 Para ela, a verdadeira educação inclusiva acontece quando a pessoa com deficiência vai estudar em uma escola regular e recebe todo o apoio para atender às suas necessidades. “Quando estudante, recebia o suporte do Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (Napnee) que junto com os professores adequavam o meu material de estudo”, explica. No evento, ela teve a oportunidade de falar sobre sua experiência e também de apresentar um importante passo dado pelo Instituto que foi a construção do documento “Programa de apoio às pessoas com necessidades educacionais especiais”, elaborado em 2016 por uma equipe multidisciplinar do IFF, da qual ela fez parte.

 “A prática já existente é fundamental, mas o documento veio apontar as diretrizes para que as ações possam ser implementadas em todo o Instituto”, explica Sarah. Durante o curso, ela apresentou o capítulo VII do documento que trata da “Adaptação Curricular e Terminalidades Específicas”.

 “A maioria dos profissionais ali presentes no curso trabalham com ensino fundamental e médio e eu pude compartilhar as possibilidades da área técnica. As experiências que eu tenho profissional e acadêmica são o IFF, é a minha referência e também uma referência no Brasil enquanto educação inclusiva; e eles perceberam que o nosso país tem bastante conhecimento para compartilhar”, acredita.

 Entre os participantes, Sarah e outras duas pessoas eram as únicas com deficiência visual. Para ela, é preciso ocupar esses lugares de debate. “Foi interessante a troca de experiência entre os países, porque alguns estão mais avançados do que outros. O Brasil está muito avançado em termos de marco legal e políticas públicas, mas falta colocar em prática, e eu espero que possamos cada vez mais interagir com países vizinhos”, diz.

Documento: o Programa apresentado por Sarah foi construído ao longo de quatro meses a partir de uma necessidade percebida nos cursos ofertados no Campus Campos Centro. “A gente percebeu que em alguns cursos as pessoas com deficiência não conseguiam avançar por todo o processo, então vimos que era preciso adaptar o currículo e as avaliações, por exemplo”, conta Márcia Regina Chrysóstomo, coordenadora de Políticas Estudantis do IFF.

 Márcia explica que era necessário criar diretrizes para que as adaptações acontecessem de maneira formal junto às coordenações dos cursos. “O documento vem somar o trabalho do Napnee, dando respaldo legal e pedagógico para as modificações que precisam ser feitas no decorrer do curso”, garante.

 O Programa, que visa contribuir para a democratização do acesso, da permanência e da conclusão do curso dos estudantes com deficiência, já foi aprovado pelo Conselho de Campus do Campos Centro – para atender a uma necessidade imediata – , e está em consulta pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cenpe) para posterior aprovação no Conselho Superior (Consup), de forma a institucionalizar suas diretrizes a serem compartilhadas por todos os campi.