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Presidente da ABC fala sobre os desafios da ciência
XI Confict e IV Conpg
Luiz Davidovich durante conferência de encerramento do evento (Fotos: Ascom Uenf)
Ao ministrar a Conferência de Encerramento do XI Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica e do IV Congresso Fluminense de Pós-Graduação, na tarde de sexta-feira, dia 28 de junho, o físico Luiz Davidovich, presidente da Associação Brasileira de Ciências (ABC), discorreu sobre a importância histórica da ciência para o desenvolvimento do País e elencou alguns dos problemas que precisam ser enfrentados. A conferência foi acompanhada por estudantes e professores, que lotaram o auditório do Centro de Convenções. Ao final, Davidovich foi aplaudido de pé pelo público.
“Considerando o início tardio da ciência brasileira, temos que admitir que ela é um grande sucesso. É impressionante o que a ciência brasileira conseguiu até hoje”, disse, comparando o surgimento das primeiras universidades brasileiras com o da maioria das grandes universidades do mundo. Enquanto a primeira universidade brasileira foi criada em 1909 (a Universidade Federal do Amazonas), a Universidade de Bologna (na Itália) foi criada em 1088; a Universidade de Córdoba (Argentina) em 1613; e a Universidade de Harvard (Estados Unidos) em 1633.
Na área de produção de alimentos, ele destacou o trabalho da Embrapa e, em particular, o da engenheira agrônoma Johanna Döbereiner, que na década de 1960 descobriu um método de implantação de nitrogênio no solo usando bactérias (fixação biológica de nitrogênio – FBN), o qual aumentou a produtividade da soja em quatro vezes. “Foi uma contribuição fantástica para a economia brasileira. Cada real investido na Embrapa hoje traz de volta mais de 12 reais para o País. A Embrapa é exemplo de sucesso da ciência brasileira”, disse.
Na área de saúde, Davidovich citou um exemplo mais recente, o da epidemiologista Celina Turchi, da Fiocruz. Em 2015, ela foi a responsável pela formação de uma rede de pesquisadores de diversas especialidades que, em três meses, demonstrou a associação entre o Zika vírus e a microcefalia em bebês.
Outro exemplo citado por ele para demonstrar a importância da ciência brasileira foi o Pré-Sal. “Até pouco tempo, o petróleo do Pré-sal era considerado uma aventura. Hoje corresponde a 50% do petróleo produzido no Brasil. E está até mais barato que o anterior, porque a extração de petróleo em poços profundos é mais cara”, disse. “Isso é uma lição para quem desconfia da capacidade da ciência de contribuir para o desenvolvimento do País”.
Davidovich informou que no site da ABC encontram-se diversas publicações com propostas científicas para o desenvolvimento nacional, que poderiam subsidiar políticas públicas. “Em 2018, fizemos um resumo de tudo isso e entregamos aos candidatos a presidente da República, com propostas para ciência e inovação. Ninguém pode dizer que faltam propostas. Elencamos questões que consideramos prioritárias para o desenvolvimento do País”, afirmou.
Segundo ele, um dos principais desafios do Brasil é ser capaz de olhar para o mundo e identificar áreas que futuramente serão economicamente importantes. Ele citou, por exemplo, o crescimento do número de carros elétricos. “Temos uma invasão de carros elétricos, então é possível prever que haverá mudanças. Há uma área de pesquisa muito grande e nós temos que estar nisso, para que no futuro não tenhamos que comprar dos outros”, disse. Ele ressaltou também a produção de carne de laboratório, que vem tendo investimento maciço da China. “Enquanto nós estamos aqui nos digladiando para acabar com a Amazônia, eles estão olhando para o futuro, porque querem ser independentes em relação à importação de carne e soja”.
Iniciado na segunda-feira, dia 24, o Congresso abrange o 24.º Encontro de Iniciação Científica da UENF, o 16.º Circuito de Iniciação Científica do IFFluminense e a 12.ª Jornada de Iniciação Científica da UFF. O Congresso também apresenta os trabalhos desenvolvidos pelos bolsistas dos projetos aprovados na Edição 2018-2019 do Programa Municipal de Bolsas de Iniciação Científica, Iniciação Tecnológica e de Extensão (Viva a Ciência) da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes. Após a Conferência, foi realizada a cerimônia de encerramento, com premiação de trabalhos.
Fonte: Ascom Uenf