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Palestra sobre desigualdade de gênero encerra o XV Confict e VIII Conpg

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O último dia também contou com a cerimônia de premiação dos melhores trabalhos apresentados.
por Ferdinanda Maia / Comunicação Social da Reitoria publicado 03/07/2023 19h21, última modificação 04/07/2023 15h18

 “O viés implícito e as desigualdades de gênero na ciência” foi o tema da palestra de encerramento do XV Confict e VIII Conpg proferida pela professora Letícia de Oliveira, presidente da Comissão de Equidade, Diversidade e Inclusão da Faperj, no dia 30 de junho, no Centro de Convenções da Uenf, em Campos.

 Com a apresentação de dados científicos de artigos e experimentos realizados no mundo todo, Letícia comprovou a desigualdade que existe entre homens e mulheres em diferentes campos da vida cotidiana, em especial, no trabalho e na vida acadêmica. 

 “Vamos conseguir a igualdade de gênero no planeta em 132 anos”, explanou mostrando a pesquisa do Fórum Econômico Mundial, e afirmou que é “muito tempo” para esperar. No campo da Ciência, Letícia apresentou dois problemas: baixa representação em posições de destaque e liderança; e baixa representação nas áreas exatas e tecnológicas. 

 “Estamos na Ciência, mas temos dificuldade de chegar a posições de destaque”, explicou o que chamou de “efeito tesoura”: quanto maior o cargo, menor a participação de mulheres, principalmente negras e pardas.

 Letícia falou sobre os “estereótipos implícitos”, aqueles que são ensinados desde muito cedo para as meninas e que afetam seu desempenho e auto-imagem. “Estamos ensinando desde muito cedo os estereótipos que reforçam as desigualdades, muitas das vezes sem nos dar conta”, disse, exemplificando com dois casos.

 Uma simples pesquisa no Google mostra como os algoritmos estão programados: se a busca for por “enfermagem” aparecem imagens de mulheres trabalhando; mas se for por “engenharias”, as imagens são predominantemente de homens executando a tarefa. Em outro estudo, uma simples tarefa realizada com crianças integrantes de um experimento mostrou que os meninos relacionam o seu gênero com alguém brilhante; já as meninas, a partir dos cinco anos, param de atribuir o brilhantismo ao próprio gênero. 

 Um outro estudo utilizou exatamente o mesmo currículo alterando apenas os nomes (masculino e feminino) e pediu para que gestores de empresas avaliassem: em todos os itens - competências, empregabilidade e salário - as pontuações para o perfil masculino eram chocantemente maiores do que as para o perfil feminino. 

 “Na Ciência, as mulheres são pouco referenciadas em estudos, têm menor visibilidade, aparecem menos como autor principal de artigos e têm mais dificuldade para renovação de financiamentos”, apontou Letícia, acrescentando que quanto maior o conhecimento, maior a exclusão. 

 Todo este cenário acaba por contribuir com a diminuição do desempenho das mulheres nos contextos em que ela se sente excluída. “Não é que você não tenha a competência, mas se você é de um grupo sub-representado, coisas simples, como apresentar um seminário, podem ter uma dificuldade muito maior”, diz. 

 A boa notícia, segundo Letícia, é que as pessoas querem mudar esta realidade, “por justiça e por eficiência”. “A nossa tendência é de reproduzir padrões”, afirmou, “mas para mudar a estrutura, é preciso mudar o indivíduo”. 

Premiação: Após a palestra de encerramento, foi realizada a premiação dos melhores trabalhos apresentados pelos estudantes durante os Congressos.  Foram 1.326 trabalhos de iniciação científica e tecnológica e de pós-graduação, sendo 191 do IFF.

 “Tivemos um número muito grande de participantes e visitantes durante o evento, a gente viu a vivacidade da comunidade científica de Campos expressada pelas três instituições”, ressaltou Pedro de Azevedo Castelo Branco, diretor de Pesquisa e Pós-graduação da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação do IFF, confirmando o sucesso dos congressos.



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