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I Torneio de Robótica agita Campus Bom Jesus durante a Mostra do Conhecimento
Tecnologia
“Se eu virasse para a Raíssa de dois anos atrás e dissesse: ‘você vai competir e vai conseguir chegar à semifinal de robótica em um Instituto Federal’, ela não ia acreditar”. O depoimento da estudante Rayssa Guarisi (confira abaixo), do segundo ano do Curso Técnico Integrado em Informática, emocionou a comunidade acadêmica o IFF Bom Jesus. Integrante da equipe Silent Hill, ela chegou à semifinal do I Torneio de Robótica do campus, realizado durante a X Mostra do Conhecimento, entre os dias 19 e 21 de outubro.
O campeonato teve duas divisões: o “controlado”, no qual os alunos controlavam os robôs através de controles de videogames; e o “automático”, em que os robôs se enfrentavam com base em uma programação feita previamente pelos alunos. As equipe End Line e Bip Squad se enfrentaram nas finais das duas categorias. A primeira levou o título da disputa controlada e, no automático, Bip Squad foi a grande campeã.
Segundo a estudante Anna Julya Souza Padilha, integrante da Bip Squad, a união da equipe, a empolgação, dedicação e o comprometimento com o preparo do robô foram determinantes para o bom resultado. “Quando soubemos da competição oficial ficamos muito motivados. Nos dedicamos bastante, sempre que tínhamos um tempinho íamos para o IFMaker trabalhar no nosso robozinho. Pensamos em todas as estratégias possíveis, refizemos a programação e a montagem do robô várias vezes, até encontrar algo que nos agradasse. Como resultado desse trabalho veio a vitória tão desejada”, afirmou. O grupo, formado também pelos discentes Bernardo Leal, Edson Valdier, Maria Fernanda Eduardo, Iago Lima e Igor Lima, participou de disputas internas desde o início das aulas de robótica e se sentem orgulhosos pela conquista sobre a equipe End Line, considerada forte oponente.
Tão forte que levou para casa o título da categoria “controlado”. Formada pelos estudantes Hiago de Pádua, Eduardo de Oliveira, Jean Silveira, Joel Quinelato, Rafhael Cruz e Samir Barbosa, a End Line contou com a torcida até de familiares dos integrantes. Os pais e irmãos de Joel acompanharam cada partida com expectativa. “É bom ver o empenho que eles têm. Vieram para cá cedo, se empenharam a semana toda e é bom ver essa juventude tendo vontade de aprender. Estamos aqui para incentivá-los a continuar”, expressa Fernanda Quinelato, mãe do estudante. Para Joel, a presença da família foi muito importante, principalmente para incentivar os irmãos, Mikhael e Ana Clara, de 7 e 9 anos, respectivamente. “Eles sempre se interessaram pela área de tecnologia e queriam ver o robô do qual eu tanto falava em casa”, conta. O discente destaca também a relevância da competição para aproximar os colegas de classe e mostrar à comunidade o trabalho desempenhado no IFF. “A competição foi muito boa tanto para estabelecermos nossos elos com os alunos da nossa sala quanto pra mostrar para outros cursos como trabalhamos juntos. Espero que continuem sendo organizadas outras competições de robótica e em outras áreas de tecnologia”, anseia.
Equipes foram formadas por estudantes do Curso Técnico em Informática. Veja mais fotos da competição AQUI.
Não foram só os competidores que se divertiram durante a competição. Bruno Libardi e Maurício Passoni, graduandos de Engenharia de Computação, orientaram os alunos durante a preparação e participaram da organização e realização das partidas. Segundo eles, ficaram orgulhosos ao ver o desempenho dos discentes no torneio. “Só consegui sentir orgulho de todos. Vê-los se divertindo e trabalhando com disciplina e foco de uma maneira descontraída foi indescritível”, resume Bruno. “Poder ensinar aquilo que venho aprendendo desde novo é incrível. Ver o desempenho deles me deixou incrivelmente orgulhoso”, acrescenta Maurício. Para a dupla, organizar o evento foi tão desafiador quanto satisfatório e, para Bruno, até um pouco nostálgico. “Como ex-participante de torneios, senti uma grande nostalgia e, ao mesmo tempo, a sensação de que passei a tocha para a próxima geração de competidores”, considera, relembrando as competições das quais participou na infância, quando aluno do ensino fundamental em Cachoeiro do Itapemirim (ES).
Idealização – O torneio é fruto de um projeto iniciado em 2019, o Programadores do Amanhã, por meio do qual os estudantes do Curso Técnico em Informática eram tutores em oficinas na área de computação para crianças do primeiro segmento do ensino fundamental de escolas municipais de Bom Jesus do Itabapoana. A pandemia inviabilizou a continuidade do projeto, que foi suspenso, mas os alunos do IFF continuaram a ter aulas on-line sobre robótica, por meio de outra iniciativa de Extensão: o Mentobótica. A aprovação desse projeto pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) possibilitou a aquisição de kits de robótica para as aulas presenciais, retomadas no fim de 2021.
O projeto é coordenado pela professora Ianne Nogueira, que conta com o apoio dos discentes Bruno Libardi e Maurício Passoni, do Curso Superior em Engenharia de Computação. Eles foram os responsáveis pela organização do campeonato, cujo regulamento foi baseado em competições já existentes, como a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). A empolgação dos discentes pelas aulas de robótica só aumentou a partir do início do ano letivo de 2022, quando as turmas de segundo e terceiros anos do Curso Técnico em Informática começaram a ter aulas presenciais de robótica. “Tivemos que oferecer horários extras. Eles estavam quase morando no laboratório”, lembra Ianne. “Para mim, como professora, é muito prazeroso ver os alunos se divertindo ao aprender. Eles não iam para o laboratório IFMaker por obrigação, mas porque queriam aprender mais, fazer mais, treinar mais. Me enche de orgulho e felicidade saber que uma ideia despertou tanto interesse e engajamento nos alunos. Acho que é a maior recompensa. É a prova de que a educação transforma”, acrescenta.
Segundo a coordenadora, a ideia do campeonato inicialmente gerou receio em alguns alunos, que chegaram a pensar em não participar. Contudo, todas as equipes decidiram se inscrever e o resultado foi uma competição emocionante, divertida e gratificante. A empolgação não chegou apenas para a disputa, mas acompanhou os discentes durante todo o preparo. “Os alunos se revezavam entre aulas extras no laboratório para prepararem os robôs. Faziam pequenas disputas dentro de sala, o que era sempre muito divertido”, conta Ianne, que já planeja as ações para o próximo ano: além do torneio, uma equipe será composta para representar o IFF Bom Jesus na OBR. A professora explica que a ideia é que as aulas de robótica se tornem parte essencial do curso, assim como as de programação, redes e computadores e demais disciplinas técnicas.
O projeto Mentobótica também não para por aqui. A segunda etapa começará em breve, por meio da qual os estudantes do Curso Técnico em Informática ofertarão oficinas de robótica para alunos do ensino fundamental de escolas públicas de Bom Jesus. A coordenadora explica que será uma oportunidade para expandir o trabalho de competências e habilidades que não são tão facilmente trabalhadas em sala de aula.
A X Mostra do Conhecimento integrou a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e foi realizada com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.