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Polos de Inovação ampliam atuação da Rede Federal no desenvolvimento de ciência e tecnologia para o setor produtivo

110 anos

Após quatro anos, unidades promovem e incentivam a realização de projetos empresariais de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
por Comunicação Social da Reitoria publicado 11/11/2019 15h06, última modificação 11/11/2019 16h14
O Polo de Inovação Campos dos Goytacazes atua desde 2015 em parceria com empresas da região (Crédito: CPDAE/IFF).

O Polo de Inovação Campos dos Goytacazes atua desde 2015 em parceria com empresas da região (Crédito: CPDAE/IFF).

 A indústria brasileira enfrenta diversos desafios cada vez mais complexos que vão além da eficiência e da competitividade, como a questão da sustentabilidade e uso racional dos recursos naturais aliados à inovação e a competentes processos de gestão. Nesse contexto, a aproximação da academia com o setor industrial pode gerar resultados positivos no desenvolvimento de ciência e tecnologia visando ao aumento da produtividade e à solução de problemas por meio de propostas inovadoras.

 A união destas duas esferas, indústria e academia, tem sido uma realidade no âmbito da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, por meio dos Polos de Inovação (PI) dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), fruto de parceria entre a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).

 Desde 2015, os Polos vêm, em conjunto com os setores produtivos de suas regiões, promovendo a melhoria de processos e produtos, o desenvolvimento de tecnologia, potencializando a geração de trabalho e renda, bem como aumentando a capacidade das empresas de competir, por intermédio da pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).

 De lá pra cá, já são nove unidades: Polo de Inovação Campos dos Goytacazes (IFF), Polo de Inovação Salvador (IFBA), Polo de Inovação Fortaleza (IFCE), Polo de Inovação Vitória (Ifes), Polo de Inovação IFMG, Polo de Inovação IF Goiano, Polo de Inovação IFPB, Polo de Inovação IFSC, Polo de Inovação IFSULDEMINAS. Cada um com uma área de atuação: tecnologias para produção mais limpa, equipamentos médicos, sistemas embarcados e mobilidade digital, metalurgia e materiais, mobilidade e sistemas inteligentes, tecnologias agroindustriais, sistemas para automação da manufatura, sistemas inteligentes de energia, agroindústria do café. 

 Em uma escala nacional, os PI estimulam o desenvolvimento da ciência e tecnologia dentro da academia por meio de seus pesquisadores e estudantes, com reflexos externos ao transformar esse conhecimento em produtos, processos e serviços inovadores para empresas atuantes no setor produtivo. Soma-se a isso, o fato de os IFs estarem localizados de forma abrangente pelo território nacional, bem como sua capacidade técnica, fazendo deles um parceiro estratégico não só para as indústrias, como também para a formação de profissionais com a cultura da inovação.

 "Os Polos funcionam como um elo de ligação", ressalta Rogério Atem de Carvalho, diretor do Polo de Inovação Campos dos Goytacazes (PICG), do Instituto Federal Fluminense (IFF). "Você até tem os elementos separados: a pesquisa aplicada, independente dos Polos, e o setor produtivo fazendo suas inovações, mas a vantagem dos Polos é fazer esses elementos funcionarem juntos. Ou seja, ele traz a pesquisa aplicada, coloca os estudantes como atores junto aos pesquisadores, e faz entregas reais para o setor produtivo", afirma.

 Rogério explica que entregar um produto real é bem diferente de uma pesquisa aplicada dentro de um laboratório. "Tem que fazer funcionar de verdade, então é uma experiência para o aluno, traz mais conhecimento para o pesquisador e o setor produtivo pode ter acesso a coisas novas que estão sendo desenvolvidas dentro das instituições de ensino, e tudo isso de maneira rápida".

 Um dos primeiros PI autorizados a funcionar já em 2015, o Polo de Inovação Campos dos Goytacazes atua na área de Tecnologias para produção mais limpa com uma cartela de 15 projetos executados em parceria com empresas/indústrias nos últimos quatro anos, voltados para Redução, Tratamento e Reaproveitamento de Resíduos, Uso Racional de Recursos Hídricos e Eficiência Energética e Fontes Renováveis de Energia; e outros 22 projetos de pesquisa e desenvolvimento. 

 Protótipo desenvolvido realiza vídeo inspeção para concessionária de água e esgoto (Crédito: Divulgação IFF).Entre as ações, está o projeto de Robôs de Exploração em parceria com a startup Roveq. O robô permite a realização de inspeções em áreas de difícil acesso, possui câmera à prova d'água e utiliza de configuração modular adaptável ao ambiente. O aparelho já foi utilizado em situação real pela empresa responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto do município de Campos dos Goytacazes-RJ, e possibilitou à equipe filmar e fotografar as paredes internas e as estruturas da galeria de águas pluviais, percorrendo uma tubulação de 800 mm de diâmetro, identificando o local exato e as condições para correção com o menor impacto na comunidade.

 "O equipamento segue hoje em melhoramento contínuo, agora no laboratório da empresa", explica o empresário Thiago Rodrigues, que também é aluno de mestrado do IFF. "A parceria com o Polo de Inovação e os incentivos para projetos de PD&I foram fundamentais para os resultados alcançados em tão pouco tempo. Hoje temos a satisfação de retribuir à sociedade na forma de prestação de bons serviços, com geração de empregos baseados em uma tecnologia nacional desenvolvida em nosso município", acrescenta.

 Projeto foi desenvolvido entre 2018 e 2019 (Crédito: Divulgação IFF).A aluna do Mestrado em Sistemas Aplicados à Engenharia e Gestão do IFF, Juliana Karl Araújo, fez parte do projeto, o que considera uma oportunidade para o seu desenvolvimento profissional. "Aprendi muita coisa nova e também pude colocar na prática os conhecimentos obtidos durante a faculdade. O projeto me permitiu vivenciar uma experiência muito semelhante com a vivenciada dentro de uma empresa: tínhamos contato com o cliente, requisitos a cumprir, prazos, e como se tratava de um projeto de inovação era um desafio novo a cada dia", relata. 

 Com 25 anos de funcionamento, a Agroindústria Guarujá, fabricante de queijos com mercado em Campos, Região dos Lagos, Niterói e Rio de Janeiro, procurou o PICG em busca de auxílio técnico, profissional e financeiro. A demanda regional resultou no projeto de Sistema de Codigestão Anaeróbica Modular para o reaproveitamento de resíduos derivados da produção de queijos e também dos dejetos de suínos para produção de gás e adubos.

 Trabalho de Codigestão Anaeróbica possibilitou reaproveitamento de resíduos (Crédito: Divulgação IFF).Coordenador do trabalho, o professor do IFF Campus Itaperuna, Adriano Ferrarez, tem desenvolvido estudos nas áreas de energias renováveis e planejamento energético com o uso de biogás/biometano como fonte energética. “Aplicamos, no decorrer do trabalho, a tríade Ensino, Pesquisa e Extensão, que é guia da atuação do Instituto Federal Fluminense. Ao atender a demanda de uma pequena agroindústria, o projeto mostrou o papel estratégico do Polo de Inovação no desenvolvimento da região”, afirma.

 Os Polos de Inovação também têm impulsionado a parceria em rede com visitas in loco e trocas de experiências entre as unidades. "No momento em que comemoramos os 110 anos da Rede Federal, os Polos juntam o novo com a tradição de estreita colaboração entre os partícipes desta rede e entre estes e a sociedade, trazendo novas e melhores oportunidades para nossos alunos e para a sociedade em nosso entorno", finaliza Rogério. Equipes do IFF e do IFSULDEMINAS trocam experiências (Crédito: Divulgação IFF).

Saiba Mais:

 A história dos Polos de Inovação começa em 2/12/2013, quando a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e a União, por intermédio do então Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (atual MCTIC), com a interveniência do Ministério da Educação (MEC), celebraram Contrato de Gestão, tendo por objeto a parceria para promover e incentivar a realização de projetos empresariais de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), voltados aos setores industriais, por meio de cooperação com instituições públicas e privadas de pesquisa científica e tecnológica.

 Em seguida, em 30/12/2013, a Setec/MEC publicou a Portaria nº 1.291, que estabelece diretrizes para a organização dos institutos federais, incluindo aquelas para funcionamentos dos seus Polos de Inovação. Após o primeiro Edital Embrapii para seleção dos cinco primeiros Polos de Inovação e concluído o processo, em 13/8/2015, o MEC publicou a Portaria nº 819/2015 autorizando o funcionamento dos Polos do IFBA, IFCE, Ifes, IFF e IFMG.

 Os bons resultados, tanto em termos de volumes financeiros dos projetos com o setor produtivo, quanto na obtenção de registros de propriedade intelectual e um maior adensamento tecnológico na formação dos alunos nos diferentes níveis, do técnico à pós-graduação, levaram a Embrapii, junto com a Setec/MEC, a promover uma segunda chamada, em 2017, que classificou as unidades do IF Goiano, IFPB, IFSC e IFSULDEMINAS. A partir de então, os novos polos se juntam aos pioneiros, num total de nove unidades, intensificando as atividades de PD&I na Rede Federal com suas expertises e experiências próprias.


 (Matéria produzida pela Comunicação Social da Reitoria do IFF para a série de reportagens sobre os 110 anos da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, promovida e divulgada no site do Conif)


Legenda fotos:

Foto 2: Protótipo desenvolvido realiza vídeo inspeção para concessionária de água e esgoto – Crédito: Divulgação IFF

Foto 3: Projeto foi desenvolvido entre 2018 e 2019 – Crédito: Divulgação IFF

Foto 4: Trabalho de Codigestão Anaeróbica possibilitou reaproveitamento de resíduos – Crédito: Divulgação IFF

Foto 5: Equipes do IFF e do IFSULDEMINAS trocam experiências – Crédito: Divulgação IFF