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Escritora Geni Guimarães ministra conferência de abertura do Novembro Negro

Resistência e Protagonismo

A autora, vencedora do prêmio Jabuti, recitou alguns poemas de sua obra e contou sua história de vida, superação e luta contra o racismo.
por Comunicação Social da Reitoria publicado 17/11/2020 17h10, última modificação 17/11/2020 17h44
Da esquerda para a direita, a escritora Geni Guimarães, e as professoras Karina Neves e Ângela Gomes (Foto: Reprodução)

Da esquerda para a direita, a escritora Geni Guimarães, e as professoras Karina Neves e Ângela Gomes (Foto: Reprodução)

 A escritora, poeta e ativista Geni Guimarães ministrou a conferência magna de abertura do Novembro Negro, na noite de segunda-feira, dia 16 de novembro. A conferência, que teve o formato de uma conversa com a autora, foi mediada pelas professoras de Língua Portuguesa do Campus Bom Jesus do Itabapoana Karina Neves, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), e Ângela Gomes.

 Vencedora dos prêmios Jabuti e Adolfo Aizen pelo livro “A Cor da Ternura”, Geni Guimarães encantou e emocionou os participantes que acompanhavam o evento online pelo canal do Instituto Federal Fluminense no YouTube, o IFFTube, com sua sabedoria e simplicidade, ao contar sua história de vida e luta contra o racismo, permeada pela leitura de seus poemas, muitos deles autobiográficos.

"Eu quero deixar um exemplo de negritude, de luta, de superação. Eu preciso deixar esse exemplo, principalmente parea crianças negras e brancas", Geni Guimarães. 

 Nascida em uma família negra, pobre, a autora contou que lidou com a rejeição desde criança e que pretende deixar um exemplo de negritude, luta e superação quando partir deste mundo. “Eu preciso deixar esse exemplo, principalmente para as crianças negras e brancas, pois muitas vezes a criança negra não sabe se expressar para dizer que está sofrendo racismo e, por sua vez, a criança branca também não sabe que é racista, é o que ela colheu, o que foi plantado nela. Eu sei que sou uma voz forte, não porque sou forte, mas a nossa voz quando está agindo dentro da sociedade tem que ser chamativa”, ressaltou Geni. “Eu quero que os meus bisnetos e netos dos meus bisnetos saibam que eu lutei desde criança, até para tirar a minha própria dor que eu não sabia dar nome. Sempre fui muito sensível e percebi desde cedo a questão da rejeição, mas não sabia o porquê, eu não tinha palavras”, continuou a escritora.

 Com a ajuda de sua família, Geni se formou no magistério. Foi a primeira professora negra da cidade de Barra Bonita, no interior de São Paulo. A escritora se emocionou ao ler trechos do capítulo “Momento Cristalino”, do livro A Cor da Ternura, que retrata a sua formatura. “Foi a coisa mais linda”, afirmou ela, que foi escolhida oradora da turma e, ao descer do palco, entregou o certificado ao seu pai que, orgulhoso, “o embrulhou em um lenço que estava em seu bolso e passou a carregá-lo como se fosse um vaso de cristal”.

"Eu quero uma independência real, fazer realmente uma nova abolição”, Geni Guimarães.

 Na parte final da conferência, ao ser perguntada pela professora Karina sobre os seus sonhos, a escritora afirmou: “Eu sonho ver pessoas negras e brancas se casarem sem contestação da família, sonho em ver meus netos namorarem e se casarem com quem eles quiserem, sonho em ver toda criança, principalmente a negra, entendendo que ela pode circular nesse país, pois somos a maior parte da população, que ela pode também estudar, que ela pode crescer. Eu quero uma independência real, fazer realmente uma nova abolição”, destacou.

 A participação de Geni Guimarães no Novembro Negro está disponível no vídeo abaixo:  

                        

  Com o tema “Lutas e Desafios da População Negra: Violência, Resistência e Protagonismo”, o evento prossegue até o dia 19 de novembro, com palestras, minicursos, mesas-redondas e atrações culturais. Confira a programação completa e participe pelo IFFTube.