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Economia verde deve direcionar investimentos no ‘pós-Covid’, diz pesquisadora

XIII Confict e VI Conpg

De acordo com a palestrante, o mundo passa hoje por uma transição energética, na qual as energias fósseis estão gradualmente sendo substituídas por renováveis.
por Comunicação Social da Reitoria publicado 24/06/2021 12h30, última modificação 24/06/2021 12h52

 A professora Suzana Kahn Ribeiro, da Coppe/UFRJ, proferiu na tarde dessa quarta-feira, dia 23 de junho, a palestra “Mudança climática como oportunidade de desenvolvimento no pós-Covid”, como parte da programação do XIII Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (Confict) e VI Congresso Fluminense de Pós-graduação (Conpg).

 Segundo Suzana, o mundo passa hoje por uma transição energética, na qual as energias fósseis estão gradualmente sendo substituídas por renováveis. Isso já vinha sendo uma bandeira de alguns países e deverá se intensificar após a pandemia, pois existe o consenso de que este caminho é absolutamente necessário à sobrevivência do planeta.

 "O Brasil tem todas as possibilidades de produzir energias renováveis, sejam as mais maduras como eólica a e a solar, como a energia dos oceanos, obtenção de hidrogênio e uma série de possibilidades. Temos tudo na mão para direcionar nossos investimentos e retomar a economia no pós-Covid. Isso vai gerar empregos e deixar o país muito mais competitivo", disse.

 A pesquisadora observou que esta transição energética, ao contrário das outras transições ocorridas no passado, está ocorrendo com uma velocidade muito maior. Segundo afirmou, estamos vivendo hoje a “Revolução 4.0”.

 "As mudanças estão sendo muito rápidas, e isso requer de nós mesmos e dos nossos governantes uma rapidez nos nossos ajustes. É claro que isso traz enormes angústias. Pessoas ainda na ativa hoje tem dificuldade com as tecnologias atuais. No espaço de uma geração as pessoas perdem a destreza", afirmou.

 De acordo com Suzana, as fronteiras tecnológicas da Revolução 4.0 — um novo mundo para o qual as pessoas que estão estudando ou entrando no mercado devem estar antenadas — são a inteligência artificial, a internet das coisas, impressão 3d, robótica, genética, nanotecnologia, entre outras. E, associado a isso tudo, também há a questão da emissão de gases do efeito estufa, com todas as suas consequências.

 Ela disse que os cientistas ainda têm dificuldade em prever exatamente o que vai acontecer um função desse aumento na concentração de gases na atmosfera. O aumento da temperatura média do planeta é o dado mais seguro, havendo várias outras possibilidades de “ajustes” .

 "Estamos extraindo o carbono que estava estocado no petróleo, carvão, e jogando na atmosfera. Isso provoca um desequilíbrio, e a Terra vai buscar um novo equilíbrio, que pode ser um planeta um pouco mais quente ou mares mais expandidos, menos geleiras, alterações na vegetação e no regime de chuvas etc. Ou seja, está ocorrendo um ajuste em função de uma nova realidade", explicou.

 Suzana Kahn (à direita) proferiu palestra no XIII Confict e VI Conpg.


 A professora ressaltou que a principal causa das mudanças climáticas é a ação do homem, principalmente na produção de energia através dos combustíveis fósseis. No caso do Brasil, porém, a principal fonte de emissões são os desmatamentos.

 "O Brasil ainda tem uma situação relativamente confortável, pelo uso de fontes de energia renovável, como as hidrelétricas e o etanol. Mas a tendência não é nem um pouco confortável. Devido à crise hídrica, estamos migrando para a termoeletricidade, que queima combustível fóssil para gerar energia, e estamos com altíssimas taxas de desmatamento", disse.

 Para a pesquisadora, qualquer abordagem sobre desenvolvimento requer olhar para o restante do mundo. E, hoje, o mundo está olhando para uma transição energética, uma vez que o consumo de energia tende a aumentar, enquanto o petróleo e seus derivados têm uma séria implicação na emissão de gases do efeito estufa.

 Ela lembrou que o Acordo de Paris — tratado mundial, em 2015, visando à redução do aquecimento global —, estabeleceu um esforço coletivo, no qual cada país apresentou o que poderia fazer para reduzir as emissões. Nesse contexto, a economia de baixo carbono é inevitável e muitos mecanismos já estão sendo implementados, como a precificação do carbono, retirada de subsídios para uso de combustíveis fósseis, padrões e certificações, comércio de emissões etc. Até mesmo o Banco Mundial já sinalizou a necessidade de precificar o carbono.

 "Não estamos mais falando de uma coisa hipotética, para o futuro, uma visão romântica sobre a questão ambiental. Isso é o mundo real e está acontecendo. E não é só a questão econômica. Devido à vulnerabilidade social, existe um risco muito grande em toda a América Latina em caso de eventos como secas, enchentes etc.", afirmou.

 A palestra teve como mediadora a professora Maria Gertrudes Justi, do Laboratório de Meteorologia da Uenf (Lamet). Assista a palestra da professora Suzana Kahn, na íntegra, no canal Uenf TV do YouTube.

 Palestra desta quinta-feira Nesta quinta-feira, a palestra será com a professora Célia Kerstenetzky (UFRJ). Ela vai falar, a partir das 16h30, sobre o tema “Desigualdade e política social no Brasil: em que pé estamos?”. Saiba mais sobre a palestrante AQUI.

 O XIII Confict e VI Conpg é um evento conjunto da Uenf, do IFF e da UFF e se estende até esta sexta-feira, dia 25 de junho. Saiba mais no site do Congresso.

 


Fonte: Ascom/Uenf