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Comunidade vai debater viabilidade de reabertura do calendário letivo no IFF
Ensino
Os reflexos da pandemia do coronavírus sobre a educação são profundos e conflituosos, exigindo propostas de diferentes caminhos a serem trilhados para garantir o acesso ao ensino de estudantes que tiveram suas rotinas interrompidas. Pelo Brasil ou pelo mundo, apesar dos esforços, não há uma proposição única e ideal, e as diferenças de condições sociais, de estrutura e de acessos tanto por parte dos alunos quanto dos professores se apresentam desafiadoras.
Caminhando para quatro meses com o calendário letivo suspenso, o Instituto Federal Fluminense (IFF) vem incentivando diversas atividades educativas por meios digitais, ao mesmo tempo em que tenta formatar uma proposta educacional que atenda a todos. Após reflexões e debates no Colégio de Dirigentes, Câmaras de Ensino, Pesquisa e Extensão e webinar com a comunidade, foi elaborado um caminho para estudar a viabilidade da reabertura do calendário letivo com consulta à comunidade.
O processo inclui a construção de propostas-base por grupos temáticos formados por servidores, a realização de audiências temáticas com a comunidade, uma pesquisa, a elaboração de uma diretriz que auxiliará as unidades do IFF em suas tomadas de decisão sobre os caminhos a serem seguidos nos próximos meses e a preparação dos Planos de Atividades de ensino dos campi.
“Temos uma tarefa longa pela frente. Vínhamos discutindo em reuniões e agora temos uma proposta clara: nosso movimento é de escuta e trabalho coletivo”, ressaltou o pró-reitor de Ensino do IFF, Carlos Artur Arêas, na primeira reunião dos grupos temáticos, realizada na tarde dessa segunda-feira, 06 de julho. “Fizemos nosso primeiro movimento em relação à suspensão do calendário letivo e a não utilização do ensino à distância, mas chegamos em um ponto que precisamos avaliar quais são as possibilidades e de que forma podemos ser mais inclusivos”, complementou.
A ideia é tratar um conjunto de temas (aqui) para escutar a comunidade e debater se o calendário letivo será retomado e em que medida isso pode atingir os diferentes campi e modalidades de ensino. Não é uma tarefa simples. Com 15.666 estudantes (http://iffemnumeros.iff.edu.br/) de diferentes regiões, as realidades são as mais diversas e precisam ser consideradas; assim como as particularidades de cada curso e disciplina, não deixando de observar ainda a realidade e experiência dos 952 professores da instituição. Carlos Artur aponta dois princípios que considera fundamental: respeitar as dificuldades do momento que cada um está vivendo, não impondo um sofrimento maior do que toda a pandemia vem causando; e não se desviar do que é certo, “e o que é certo é o que a comunidade entende”, diz.
"Chegamos em um ponto que precisamos avaliar quais são as possibilidades e de que forma podemos ser mais inclusivos.", Carlos Artur.
Grupos Temáticos: 56 servidores dos diferentes campi e Reitoria integram os 12 grupos temáticos que irão analisar, levantar informações, experiências externas e apresentar sugestões. A ideia é que como neste ano há um regime excepcional de aprendizagem é preciso consultar a comunidade como um todo, mas, antes, é necessário apontar caminhos para questões que irão balizar a adoção ou não do ensino remoto, tais como frequência, avaliação, laboratórios, etc.
Cada grupo terá a sua rotina de reuniões preparatórias para construir sua proposta-base e, em sequência, definir dia e horário da audiência a ser realizada com a comunidade para o processo de escuta. As audiências já iniciarão na próxima semana.
“Nós todos agora estamos cheios de perguntas de como deveríamos conduzir este processo. Este é um momento que nunca vivemos. Quantas questões e dúvidas temos?”, enfatizou o professor José Augusto Ferreira, que compõe a equipe de construção da proposta, afirmando que “o movimento que estamos fazendo é o mais justo possível do ponto de vista da escuta de toda a comunidade”.
Audiências, relatorias e documento orientador: as audiências temáticas serão realizadas por meio digital com a comunidade. O objetivo é ouvir, entender e encontrar respostas para os questões apontadas. Os resultados serão organizados em uma relatoria, que junto com uma pesquisa aplicada, serão formatados em uma diretriz, um instrumento para embasar as decisões dos campi, seus cursos e coordenações.
Carlos Artur explica que as audiências vêm para estimular as pessoas a debaterem e a tomarem decisões, e enfatiza que não se trata de definição de regras, mas de apresentar sugestões para cada um dos temas. “A gente não imagina que este momento será da definição de uma alternativa única, é momento para escutar nossa comunidade, para saber de que forma poderemos conduzir nossas atividades, seja de forma remota ou não”, afirma.
O resultado esperado é a construção de um documento o mais inclusivo possível, respeitando as diferenças e a diversidade. Esse documento orientador é que vai dar base para a construção dos Planos de Atividades nos campi, nos cursos e suas respectivas coordenações e disciplinas.
“Uma diretriz que vai dar respaldo para que, dentro de todas as particularidades de cada campus e sua comunidade, seja possível construir o plano de retorno com segurança”, diz Cátia Brito, diretora de Desenvolvimento Pedagógico da Pró-reitoria de Ensino.
*Notícia editada em 14 de julho para atualização do número de servidores participantes nos GTs e a inclusão do GT 12.