O desenvolvimento econômico na Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, desde o século XVI esteve associado à cultura da cana-de-açúcar. A produção açucareira enfrentou ao longo do tempo, períodos de ascensão e declínio na produção, e até de estagnação com o fechamento de usinas, mesmo com constantes inversões e generosos incentivos governamentais. A partir da década de 1970, a descoberta de poços de petróleo offshore na Bacia de Campos, apresentou novas perspectivas para a economia do Norte Fluminense. No final da mesma década, a Petrobrás escolheu a cidade de Macaé para implantar uma base operacional, indicando um panorama promissor que, décadas depois, revelou-se sinônimo de prosperidade e concentração de renda. Por diversos motivos, o setor sucroalcooleiro foi perdendo importância na economia regional. Enquanto os recursos oriundos da exploração petrolífera se tornaram cada vez mais dominantes, influenciando na economia, na indústria metalmecânica, na mão de obra e na dinâmica dos municípios vizinhos, a partir de 2016, acentuou-se o processo de desmonte da Petrobras, configurando um cenário de desinvestimentos e vendas de ativos com o propósito de reconfigurar a empresa e priorizar os lucros. A política atual do Governo Federal visa a reduzir a participação do Estado brasileiro, ameaçando a integridade da empresa. Os desinvestimentos têm ocorrido de duas formas: em volumes e em segmentos. A companhia se desfez dos ativos nos setores de biocombustíveis, de fertilizantes, distribuição de gás, diversas plataformas estão em descomissionamento, vários campos terrestres e marítimos foram vendidos. A Bacia de Campos está sendo seriamente impactada com a redução de suas operações e com o deslocamento da exploração e produção de petróleo no sentido da Bacia de Santos. Nos últimos anos, por questões ambientais e econômicas, a exemplo de outras regiões do país, a matriz energética passa por uma tentativa de diversificação considerável. Outras fontes geradoras de energia apontam um processo de expansão, como as termelétricas a gás, a energia solar fotovoltaica e a energia eólica, inclusive com os processos de licenciamento dos parques eólicos offshore. Essa nova composição e a privatização gradual da Petrobrás podem ser um indicativo do fim do protagonismo do petróleo na Região Norte Fluminense.

Palavras-chave: Cana-de-açúcar. Etanol. Biocombustível. Bacia de Campos. Gás Natural.