A crescente geração de resíduos sólidos, seja de origem agrícola, industrial ou urbana, consiste em um dos maiores problemas ambientais da atualidade. No processo de fabricação do papel, ocorre a geração de um resíduo em forma líquida com alto teor de sólidos em suspensão. Esse líquido é submetido a um tratamento primário e desaguamento, gerando assim uma forma sólida denominado lodo primário. Esse trabalho tem como objetivo utilizar o lodo proveniente da estação de tratamento de efluentes da indústria de papel, para remoção de metais potencialmente tóxicos e corantes em meios aquosos. Primeiramente, foi realizada uma pesquisa para apresentar indicadores bibliométricos a respeito do tema “Resíduos da Indústria de Papel”, no Brasil e no mundo, utilizando-se para isso, a base Scopus, limitando-se a busca aqueles artigos publicados em periódicos, e considerando o período de 2000 a 2019. Deste estudo, foi possível observar que o Brasil ocupa a décima sétima posição no número de artigos publicados sobre o tema resíduos da indústria de papel. Os resultados também indicaram que o Brasil tem apresentado maiores taxas de crescimento de publicação do que a média mundial. Vale ressaltar que a área de Ciências Ambientais tem grande relevância na pesquisa sobre o tema em estudo, tanto no Brasil, quanto no mundo. Posteriormente, foi realizada a coleta do lodo primário de uma indústria de papel de Santo Antônio de Pádua – RJ, onde esse lodo foi seco à 105ºC por 24 horas, triturado, peneirado, e determinado o seu teor de umidade. Em seguida, uma parte deste lodo foi tratada à 300ºC e outra parte à 600ºC. Essas amostras foram caracterizadas através da espectroscopia de absorção na região do infravermelho, e da difratometria de raios-X. Posteriormente, foi realizado testes de adsorção do lodo seco e dos lodos tratados à 300C e 600ºC frente ao metal crômio e também aos corantes: azul de metileno e alaranjado II. Através dos resultados obtidos, pode-se concluir que o resíduo lodo primário da indústria de papel é constituído principalmente por calcita, caulinita e celulose, e que o tratamento térmico influencia na composição química do mesmo. A partir dos testes da capacidade adsorção do lodo frente ao metal Cr3+ , aos corantes: azuis de metileno e alaranjado II, pode-se concluir também que o lodo primário da indústria de papel é um material eficiente tanto para remoção de metais potencialmente tóxicos, como também de corantes de meios aquosos, apresentando eficiência máxima de adsorção de 73,17% para adsorção de Cr3+ , 87,69% para o corante azul de metileno, e 80,37% para o corante alaranjado II.

Palavras-chave: Resíduos de papel; Bibliometria; Base de dados; Adsorção; Metal Potencialmente Tóxico