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Mesa-redonda discute futuro da Educação Profissional

Debate

Evento aconteceu dentro da IV Semana de Cultura e Integração do Campus Quissamã, no dia 11 de maio de 2017.
por Comunicação Social da Reitoria publicado 12/05/2017 18h00, última modificação 18/05/2017 18h08
Show image carousel Da esquerda para a direita: Edmundo, Catia e Marcelo.

Da esquerda para a direita: Edmundo, Catia e Marcelo.

 Para uma plateia em sua maioria de estudantes, os professores do Instituto Federal do Rio de Janeiro, Luiz Edmundo Vargas Aguiar, e da Universidade Federal de Santa Catarina, Marcelo Minghelli, mediados pela professora Cátia Viana, diretora de Políticas da Educação Básica Profissional do IFF, discursaram sobre a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, sua criação e seus desafios, durante a mesa-redonda “Os desafios no processo de Expansão e Consolidação da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica”, realizada no dia 11 de maio de 2017, às 13h, no auditório do IFF Quissamã, dentro da programação da IV Semana de Cultura e Integração. E a moçada gostou do assunto.

 Com 42 anos de magistério e um discurso politizado, Edmundo apresentou um pouco da trajetória centenária da Rede Federal, o sucateamento público ocorrido na década de 90 e sobre os avanços conquistados para a educação pública, a partir de 2003, bem como a significativa expansão da Rede que pulou de 144 unidades, em 100 anos, para 664 em pouco mais de 10 anos. “Este projeto dos Institutos Federais colocou escolas próximas aos arranjos produtivos e também onde mais se precisava de escola”, destacou Edmundo que ainda ressaltou que no início dos anos 2000 havia a necessidade de se recompor o parque industrial, mas também de criar uma massa crítica que pudesse alavancar a C&T, formando não apenas mão-de-obra, mas cidadãos preparadas para a vida. Destacou também o grande desafio da Rede que é a extensão inclusiva e a pesquisa extensiva, estabelecendo uma relação com a sociedade e trazendo a sua realidade para dentro da escola.

 “A singularidade deste projeto é ímpar. Não existe este modelo de educação no mundo, que está ligado ao desenvolvimento, mas respeitando as singularidades das pessoas e dos lugares”, falou. Edmundo citou três itens essenciais à escola: profissionais qualificados, regime democrático de gestão e infraestrutura, mas disse que mesmo faltando coisas – porque a escola nunca está pronta – ela tem que existir e estar próxima de quem mais precisa. “Esta nova institucionalidade dos IFs depende somente de cada um de nós. Estamos sofrendo um boicote, as ameaças são graves, uma afronta ao que vínhamos fazendo...mas estamos aqui tentando fazer uma escola diferente e aqueles que abraçarem, tem uma grande luta pela frente”.

 O professor Marcelo, por sua vez, iniciou sua fala com uma provocação: perguntou aos estudantes em que etapa de uma cadeia produtiva do celular, por exemplo, eles gostariam de trabalhar. De forma descontraída, falou sobre a divisão do trabalho, remuneração e competências. “Ter conhecimento é importante e o primeiro passo é estar na escola porque ou vocês dão as cartas ou alguém vai dar para vocês... e infelizmente o Brasil foi construído para quem tem mais dinheiro. As escolas sempre foram reservadas a essas pessoas, até que chegou alguém que queria que a educação fosse para todos os brasileiros... foi quando nasceram os IFs”, disse. “Uma instituição pública é importante e temos que mantê-la porque ela permite que o conhecimento seja democratizado”, acrescentou.

 O papel do professor na mesa-redonda foi apresentar pontos que precisam ser criticados e melhorados na Rede Federal: ele questionou a dita “autonomia” orçamentária que os Institutos têm, criticando a burocracia e os prazos para a compra de uma cadeira, por exemplo; a dificuldade de entender a verdadeira verticalização que “leva o aluno dos níveis mais baixos aos mais altos de ensino”; abordou também a certificação como um projeto transformador, mas que na opinião dele não estaria funcionando como deveria. Por último, citou a relação entre inovação e Estado, e disse que “não é só o mercado que produz coisas boas, muita inovação que temos hoje veio do Estado”, acrescentando que os IFs devem ser locais de encontro técnico, científico e prático. 

 Para a estudante do Curso Técnico em Informática, Simone Floricy Marques, 15 anos, o debate foi enriquecedor. “Pra mim, esse tipo de discussão, é o que mais passa conhecimento sobre o que estamos vivendo. Discutir a política atual do país é mais valioso do que temas simplórios, como juventude, por exemplo”, disse. Também presente ao evento, o professor de filosofia, Djalmo Lopes, avaliou-o como positivo. “É enriquecedor para todos nós e sempre uma oportunidade de aprendermos junto com nossos alunos”, destacou.

 Ainda prestigiaram o evento, o diretor-geral do Campus Macaé, Marcos Moreira; o subsecretário municipal de Educação, Ailson Belarmino; e a vereadora, Alexandra Moreira. “Foram discussões enriquecedoras e acredito que temos que fazer eventos como este mais vezes, trazer pessoas que tem tanto a contribuir para perto de nós para compartilhar suas experiências”, destacou Aline Estaneck, diretora-geral do Campus Quissamã.