Uma delegação formada por pouco mais de 40 estudantes-atletas e um objetivo em comum: conquistar a primeira medalha do Campus Avançado Maricá na história do JINIFF, os Jogos Intercampi do Instituto Federal Fluminense (IFF). Assim começava, em junho, uma campanha histórica para o IFF Maricá. Após um mês e meio de disputas acirradas, com vitórias, derrotas e muita superação, o JINIFF 2023 termina oficialmente nesta quarta-feira, 9 de agosto, deixando como legado o melhor resultado do campus em todas as seis edições em que participou.

Foram 16 medalhas conquistadas, das quais três de ouro, cinco de prata e oito de bronze! E mais: a oportunidade de compor a seleção do IFF nos Jogos Regionais das Instituições Federais (JIF), que acontecerá em Guarapari (ES), de 28 de agosto a 1º de setembro. A convocação dos atletas será divulgada esta semana pela Coordenação de Políticas Esportivas da Pró-reitoria de Extensão, Cultura, Esporte e Diversidade.

Com duas medalhas de ouro no atletismo, o estudante do 2º ano de Edificações Érick Vinicius é um dos classificados do IFF Maricá para disputar o Regional. 

"A gente batalhou muito para ter a equipe de atletismo participando dos Jogos. Fico muito feliz e orgulhoso por ter representado bem a minha escola e conquistado o primeiro ouro do IFF Maricá. Agora, estou treinando bastante e vou em busca do ouro também no Espírito Santo, no fim do mês. Nossa equipe é forte e creio, que para 2024, a gente vem ainda melhor para o JINIFF", conta o medalhista.

Assim como Érick, a estudante do 2º ano de Edificações Ana Beatriz Ramos da Silva também está apta a representar Maricá na seleção do IFF, após garantir o ouro na disputa dos 100 metros rasos feminino.

"No ano passado, eu já havia corrido no Interclasses aqui da escola. Mas, para o JINIFF, eu estava muito tensa, com medo de falhar. No fim, deu certo e foi uma alegria enorme conseguir esse ouro para o nosso campus. Tudo isso que está acontecendo tem sido maravilhoso e quero muito ganhar no Regional", diz Mariana. 

Vitórias inéditas e estreias no esporte coletivo 

Não foram poucas as estreias para o IFF Maricá neste JINIFF: o campus, que teve a obra de seu ginásio esportivo concluída apenas este ano, sediou pela primeira vez uma etapa de finais dos Jogos, com as disputas do handebol. Jogando em casa, a equipe feminina ficou com a prata após vitória sobre o Campus Macaé e um jogo emocionante contra o Campus Campos Centro. Houve ainda um bronze para o masculino. No basquete masculino, outro recorde: pela primeira vez o campus foi campeão de uma etapa de núcleo.

Enquanto os times suavam em quadra, o público fazia sua parte na arquibancada. Este ano, o IFF Maricá ganhou uma torcida organizada, com direito a mascote e tudo, o Caramelão, uma simpática fantasia para representar o cachorro caramelo do campus e que acompanhou os times de Maricá em finais disputadas em Quissamã, Macaé e Campos Centro.     

Voltando às disputas, no xadrez, em que o IFF Maricá nunca havia contado com participantes no JINIFF, a estreia foi com pé direito: medalha de prata para a equipe feminina. Voluntário no treinamento das equipes feminina e masculina, o estudante do 3º ano de Edificações Isaias da Paz foi quem introduziu o xadrez na rotina esportiva do campus, convidando colegas a participarem das seletivas internas.

"Quando chegou o dia do JINIFF, estávamos nervosos e ansiosos, pois era a primeira vez que o nosso campus participava do xadrez. A equipe feminina se classificou para as finais, obteve a medalha de prata! Sinto-me orgulhoso por ter feito parte dessa história. Para o masculino, o resultado não foi o esperado, mas a certeza que fica é que eles estarão melhores nas próximas edições. Para mim, foi meu último JINIFF. Sinto muita felicidade por ter influenciado meus colegas a terem iniciativa nesse esporte de tabuleiro que é o xadrez", conta o enxadrista.

Habituada a jogar apenas em casa, com o pai e o irmão, a estudante do 2º ano de Edificações Mariana de Paula aceitou o desafio de compor a equipe feminina de xadrez. Com a medalha de prata conquistada na versão tradicional do esporte, ela também está disputando medalha na versão eletrônica dos Jogos Intercampi, o e-JINIFF. Na semana passada, Mariana, Isaias e Sheila Seabra garantiram a participação nas equipes que representarão o Instituto na etapa nacional do torneio de xadrez on-line.

"Apesar de estar acostumada a jogar, eu não conhecia tão bem os fundamentos, então tivemos dois meses de treinamento bastante intenso. Estar lá no JINIFF foi a realização de um sonho. Não esperava uma medalha logo na estreia, então está sendo uma experiência incrível", revela Mariana.

Coordenador de Políticas Esportivas da Pró-reitoria de Extensão, Cultura, Esporte e Diversidade e coordenador geral do JINIFF, o professor Ricardo Reis destacou a importância de um campus de menor porte e limitações estruturais, como o IFF Maricá, alcançar resultados tão expressivos. 

"Hoje, falo com muita alegria ao ver o Campus Avançado Maricá disputando finais neste JINIFF e, até mesmo, sediando a etapa do handebol, que foi excelente. É muito gratificante, porque quando você trabalha com facilidades, tudo dá certo. Mas quando trabalha com dificuldades, as conquistas é que nos mostram o quanto vale a pena", ressalta o coordenador.

Seletiva interna e treinamento para os Jogos

Todas as modalidades esportivas do IFF Maricá que disputaram o JINIFF, este ano, tiveram a mesma técnica à frente das equipes, a professora de Educação Física do campus, Regiane Costa, que foi também a organizadora local dos Jogos em Maricá. A preparação específica para a competição começou em maio, com um convite a todos os estudantes para as seletivas internas, que logo depois se transformaram em treinos semanais de atletismo, basquete, handebol, futsal, tênis de mesa e vôlei de praia.

Após os 45 dias intensos de disputas no JINIFF, a professora, treinadora e organizadora comemorou o resultado inédito e refletiu, numa carta aberta, sobre todo o processo de participação campus nos Jogos: 

"Finalizado mais um JINIFF, contando com a participação do Campus Maricá, resultando num momento de reflexão pelo que construímos não apenas nesse ano, mas em toda a história do campus, desde 2015.

Costumo reiterar o clichê "não é só esporte" porque acredito nisso; acredito que há tanto a aprender-ensinar quando nos lançamos ao convite que o esporte nos faz enquanto princípio formativo em nossa Instituição, componente da educação integral e interface com a Cultura Corporal dentro da Educação Física. Esses pilares fortificam a minha prática pedagógica e garantem a subversão necessária diante das adversidades que o campus vem enfrentando desde a sua implantação, bem como dos desafios que atravessam a escola pública constantemente.

E não tem jeito, pensar que mais uma vez conseguimos participar do JINIFF é olhar para dentro de si, para o que me proponho a fazer enquanto docente, para os compromissos que assumi defender junto ao IFF e para as memórias construídas por todos/as que estiveram nessa história, ecoando boas risadas, fragilidades superadas e em superação, e alguns "memes" daquilo que sou/estou na mediação dos jogos esportivos. A conclusão, ou como prefiro dizer, o ponto e vírgula da reflexão, é que vivenciamos um aprendizado marcado por parceria, dedicação, entrega, confiança, coletividade e muita motivação, pois sabemos o quanto nos doamos e os degraus que subimos em 2023.

Vencemos e perdemos; trouxemos medalhas e vimos alguns resultados escaparem por pouco; rimos e choramos. Constatamos que campus estruturado e que fomenta o esporte (seja em infraestrutura e materiais, seja nos incentivos junto à assistência estudantil) tem velocidade de reação mais exitosa, entretanto, é no percurso que os vencedores são construídos. Tenho certeza de que construímos nossos vencedores e que, embora a motivação mais natural em jogar/competir seja ganhar a partida, o resultado final ficará na reflexão de cada um/a participante, daquilo que superou, aprendeu e problematizou.

Sou privilegiada por ter compartilhado mais um JINIFF com essa moçada querida, estudantes do Campus Maricá e grata pelo respeito e confiança depositados em nossa relação.

Meu agradecimento se estende aos colegas servidores da nossa escola pela colaboração; aos colegas da Educação Física pelo que temos construído e discutido para a reinvenção da nossa prática; e aos responsáveis pela compreensão e parceria.

Que o Caramelão nos acompanhe até o próximo JINIFF e siga firme e confiante na torcida pelos nossos representantes que integrarão à delegação do IFF nos Jogos Regionais das Instituições Federais."

Disputas seguem agora no Regional 

Para chegar nas finais do JINIFF, os estudantes participaram, antes, da etapa de núcleos. Isso, porque, dada a abrangência territorial do IFF, os campi são divididos em três seletivas regionais: a do Norte Fluminense, com os campi Campos Centro, Campos Guarus e o São João da Barra; o Noroeste Fluminense, com Itaperuna, Cambuci, Bom Jesus do Itabapoana e Santo Antônio de Pádua; e o núcleo da região litorânea, que tem, além do Campus Avançado Maricá, os campi Macaé, Quissamã, Itaboraí e Cabo Frio.

De acordo com o Coordenador de Políticas, Ricardo Reis, os Jogos Intercampi este ano tiveram um calendário um pouco mais apertado, por conta das datas marcadas para o Regional, mas ainda assim contaram com momentos marcantes. 

"Estamos na sétima edição do JINIFF, um momento fundamental de integração e confraternização de nosso instituto que, sempre reforço, é um só, apesar de ser formado por diversos campi. E o esporte faz parte da formação integral de nossos alunos", ressalta o coordenador.

Os vencedores das finais do JINIFF se pré-qualificaram para os nos Jogos Regionais das Instituições Federais, que este ano acontecerão em agosto e setembro, na cidade de Guarapari (ES). Essa etapa funcionará como uma seletiva classificatória para os Jogos Nacional das Instituições Federais (JIN), que estão marcados para novembro e contarão com a participação de estudantes-atletas de todo o país.