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Pesquisador critica aumento do desmatamento na Amazônia
ATTICO CHASSOT
Professor e pesquisador há mais de 50 anos, Attico Chassot disse acompanhar de perto a devastação da Floresta Amazônica e criticou o aumento do desmatamento da maior floresta do mundo divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) na semana passada.
A declaração foi dada na noite desta segunda-feira, dia 23 de julho, antes de Chassot ministrar a palestra “Assestando óculos para olhar o mundo”, que abriu o 9º Encontro de Licenciatura em Ciências da Natureza no Instituto Federal Fluminense Campus Campos Centro. O evento vai até quinta-feira, 25 de julho.
Segundo o INPE, na primeira metade de julho, o desmatamento na Amazônia ultrapassou a marca de mil quilômetros quadrados de florestas, um aumento de 68% em relação ao mesmo mês em 2018.
“Eu acompanho no Pará, particularmente, na região de Marabá. As grandes mineradoras vão lá, estragam e envenenam a terra, dão o presente aos indígenas que ficam contentes, e hoje tem até aldeia com CNPJ. É tudo 'legalizado' para estragar ainda mais”, afirma Chassot que desenvolve pesquisas na região de Marabá, no Pará.
Portal IFF - Quais os desafios do pesquisador brasileiro hoje?
Attico Chassot – Cada vez mais as situações são bastante difíceis, uma vez que as áreas de investigação são muito amplas e dentro dessa amplitude das áreas nem sempre há espaços para privilegiamento daquelas de maneira igualitária. Então, eu acho que a coisa mais importante é nós pensarmos quanto precisamos valorizar também a área das ciências humanas e as licenciaturas.
E como o senhor avalia o aumento do desmatamento na Amazônia apontado pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) na última semana? É possível aliar exploração econômica com preservação ambiental?
Isso é, antes de tudo, uma decisão política de governo. Eu vi sair numa tarde três trens com mais de duzentos vagões, cada um levando minério de ferro. E de onde isso foi tirado? Foi tirado da terra. Essa terra é sabidamente estragada. O que as grandes mineradoras fazem? Elas dão aos indígenas uma recompensa. “Olha nós estamos estragando a sua terra, toma aqui o seu dinheiro”. E os indígenas recebem esse dinheiro e vão gastar com alimentos que não pertencem a sua cultura, mas sim à cultura branca. E têm tantas latas descartáveis que eles produzem, mas não sabem o que fazer. Isso é mau presente. Eu acompanho no Pará, particularmente, na região de Marabá. As grandes mineradoras vão lá estragam e envenenam a terra, dão o presente aos indígenas que ficam contentes, e hoje tem até aldeia com CNPJ. É tudo “legalizado” para estragar ainda mais.
Perfil - Professor há 54 anos (desde 13 de março de 1961), Attico Chassot é licenciado em Química (UFRGS) e mestre e doutor em Educação (UFRGS). Fez pós-doutoramento na Universidade Complutense de Madri.
Foi professor titular da PUC-RS, FAPA, UFRGS (onde foi coordenador do Curso de Química e diretor do Instituto de Química), ULBRA, UNISINOS (onde foi Coordenador do Mestrado e Doutorado em Educação), ULBRA e UNILASALLE.
Foi professor visitante na Aalborg Universitete na Dinamarca. Atualmente é professor e pesquisador do Centro Universitário Metodista - IPA, onde envolve-se com alfabetização científica e História e Filosofia da Ciência, e professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) no Campus de Frederico Westphalen. É orientador de doutorado da REAMEC - Rede Amazônica de Ensino de Ciências e Matemática.
É autor de vários livros, dos quais sete estão ainda em circulação: A ciência através dos tempos (Moderna, 1994, 28ªed. 2014); Para que(m) é útil o ensino? (EdULBRA, 1995, 3ªed EdUNIJUÍ, 2014); Alfabetização científica: questões e desafios para a educação (EdUNIJUI, 2000, 6ªed, 2014); A Ciência é masculina? É sim, senhora! (EdUnisinos, 2002, 6ªed, 2013); Educação conSciência (EdUNISC, 2003, 3ªed, 2014); Sete escritos sobre Educação e Ciências (Cortez, 2007); e Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto (EdUNIJUÍ, 2012). Tem nos livros e no escrever duas de suas paixões. (Fonte: http://www.professorchassot.pro.br/sobre/curriculo).