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Pesquisa revela que autoria do professor ajuda a combater a violência na sala de aula

SEGURANÇA

Professora e coordenadora do curso de Letras Andressa Peres apresentou dados de pesquisas sobre a violência nas escolas.
por Vitor Carletti / Comunicação Social do Campus Campos Centro publicado 04/07/2019 15h18, última modificação 05/07/2019 10h48
A violência em sala de aula foi tema de pesquisa. 
Foto: Vitor Carletti

A violência em sala de aula foi tema de pesquisa. Foto: Vitor Carletti

A violência e o ensino em muitas escolas do Brasil disputam o mesmo espaço. Mas, para apenas o aprendizado reinar nas salas de aula, a solução passa por um pacto social entre os professores e os alunos.

É o que mostra a pesquisa de mestrado da professora Andressa Peres, que apresentou dados sobre o assunto no projeto “Ensino de Língua Portuguesa em Campos dos Goytacazes e Região: uma pesquisa explanatória e reflexiva". A apresentação faz parte da programação dos Diálogos Interdisciplinares e aconteceu nesta segunda-feira no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF) Campus Campos Centro.

“Percebi na minha dissertação que a autoria do professor (como) ser autor da sua prática, construir sua aula e seu material, fazer todo trabalho pedagógico, isso era um indicador de sucesso. Poderia envolver mais os alunos. A autoria do professor contribui para a autoridade docente. Mas cuidado: não é uma autoridade autoritária, mas sim que se estabelece pela competência e sabedoria do professor”, disse.

Andressa afirma que a sua proposta precisa estar casada com melhores salários aos professores e infraestrutura nas escolas. Há urgência em apontar caminhos para se apaziguar os ânimos em sala de aula e assim melhorar os índices de aprovação e reduzir os de evasão escolar.

O Brasil lidera o ranking de violência nas escolas elaborado pela Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em março, na escola Raul Brasil, em Suzano (SP), dois alunos assassinaram cinco estudantes e duas funcionárias e depois se mataram.

Portal IFF – Como foi o desenvolvimento da pesquisa?

Andressa Peres – Todos os dados que foram apresentados são produtos de teses e dissertações de mestrado defendidas no âmbito do projeto “Práticas de oralidade e cidadania”, coordenado pela professora Neusa Salim Miranda no Programa de Pós- Graduação em Linguística, da Universidade Federal de Juiz de Fora. Partiu dessa impressão dos professores formados pela universidade, da dificuldade em dar aula.

Então, a partir da observação de que a linguagem é que faz a mediação entre o homem e o mundo a gente achou que era um tema da Linguística, e um tema a ser pesquisado. E como que nós, linguistas, poderíamos trabalhar, pesquisar e repensar essas práticas em aula de aula, para além da aula de Português. Porque isso (a violência em sala de aula) é um problema da interação. A gente parte desses pressupostos da linguística, do processo linguístico, interacional, da linguística cognitiva com esse diálogo com o campo educacional.  Fomos a campo para saber o que era uma aula para os alunos e o que eles pensavam desse gênero institucional, que é também um gênero textual. E a partir dessas indagações surgiram esses relatos de violência e passamos a ir por este caminho e perceber como que a violência era de fato um problema gravíssimo que estava ocupando as mentes e ações dos alunos e professores na sala de aula.

 - E como enfrentar a violência na sala de aula?

Fomos pesquisar com professores da Unicamp, que são pesquisadores do campo da psicologia e filosofia e nos ajudaram a pensar que o estabelecimento de regras e de pacto social era o caminho de superação disso. O projeto começou a caminhar para o mapa não mais da crise, mas da normatização, porque, se existem regras claras e democráticas, as pessoas constroem um pacto social. A nossa pesquisa só veio a confirmar dados de outros estados e de outras pesquisas. A gente percebeu que a crise da sala de aula é porque a violência – que achamos que estaria só fora das escolas – está não só mais no entorno, no pátio, mas dentro da sala de aula.

Quais as conclusões da pesquisa?

A última etapa do projeto foi pensar formas de superar essa crise. Fomos procurar práticas positivas. Percebi na minha dissertação que a autoria do professor (como) ser autor da sua prática, construir sua aula e seu material, fazer todo trabalho pedagógico, isso era um indicador de sucesso. Poderia envolver mais os alunos. A autoria do professor contribui para a autoridade docente. Mas cuidado: não é uma autoridade autoritária, mas sim que se estabelece pela competência e sabedoria do professor.