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Matemática ainda enfrenta o desafio de aplicar novas metodologias em sala de aula

Entrevista

Professora importante na construção da Licenciatura em Matemática do IFF compartilha sua experiência com alunos e novos colegas da docência.
por Antonio Barros/Comunicação Social do Campus Campos Centro publicado 05/11/2019 15h26, última modificação 05/11/2019 15h26
A professora Mônica Souto Dias falou sobre sua experiência docente.

A professora Mônica Souto Dias falou sobre sua experiência docente.

A professora doutora Mônica Souto da Silva Dias ministrou a palestra de abertura do III Encontro de Educação Matemática do IFFluminense , evento que tem continuidade nesta terça-feira, 05 de novembro, com diversas atividades. Uma das fundadoras do Curso de Licenciatura em Matemática, oferecido no Campus Campos Centro, a professora aposentada do IFF está realizando na Universidade Federal Fluminense seu antigo desejo de lecionar em uma universidade. Antes de ministrar a palestra com o tema Vivência docente: o olhar de uma formadora, Mônica conversou brevemente com a Comunicação Social sobre Matemática e sua experiência docente.  

Percebe-se uma necessidade dos licenciandos em saber como é na sala de aula...

A gente vê que os quatro anos passados aqui não são suficientes porque há um saber docente e, dentre eles, um saber experiencial que é aquele adquirido na prática. Não se consegue construir esses saberes em contato com professores mais experientes. Precisa estar no dia a dia da sala de aula.

Hoje há um olhar diferente para a Matemática, menos temeroso?  

Infelizmente não. Por mais que a gente tenha tido várias metodologias, observo que essas metodologias ainda não estão na sala de aula. Temos uma sala de aula tradicional, carteiras enfileiradas, professor dando conteúdo de maneira muito teórica ainda, com poucas aplicações. E ainda mais em escola particular, em que há uma concorrência pelo ranking do Enem. Se tem o ensino médio em dois anos ao invés de três. Os alunos veem tudo em dois anos e no último fazem uma revisão para fazerem o vestibular e, no caso, o Enem. Acho que isso prejudica um pouco.

Tem algo mais...

Acho que o que falta na licenciatura é trabalharmos mais as metodologias de ensino, não só do ponto de vista teórico, mas colocá-las em prática. Por exemplo: modelagem matemática, investigação matemática. Vamos ensinar álgebra dessa maneira, vamos ensinar análise dessa maneira, geometria dessa forma. Vejo que, se o licenciando não experimentar isso na graduação, não vai fazer fora, se não tiver o apoio de uma equipe. 

A tecnologia tem influenciado várias áreas. Você percebe uma contribuição para a Matemática?

A contribuição que eu percebo é que os alunos adoram videoaulas. Eles não prestam atenção à aula e depois vão lá. Já aconteceu um fato comigo de o aluno errar uma questão de álgebra e dizer: "professora, mas lá eu vi que estava assim". Então vamos ver como está, se você estiver certo, tudo bem!  O exercício que ele viu na videoaula tinha um pré-requisito que na aula não tinha. Então, ele não podia resolver daquele jeito. Eles recorrem a isso, como um recurso quando faltam a aula. As vezes está, mas usando celular. Os alunos do ensino médio pior ainda, porque eles não têm discernimento para saberem o que é bom. Aprendem técnicas sem saber o que é. Onde a tecnologia deveria estar não está, que é auxiliando o professor na sala de aula. Observo isso nas escolas particulares e públicas, um uso muito pequeno.