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Estudantes realizam nova passeata de repúdio à violência praticada contra a mulher

Nas ruas

Ato foi organizado para culminar no Fórum de Justiça, onde agressor de estudante do IFFluminense teve audiência na vara criminal.
por Comunicação Social do Campus Campos Centro publicado 31/05/2016 19h49, última modificação 01/06/2016 18h31

A caminhada articulada pelo Grêmio Estudantil Nilo Peçanha (GENP) recebeu adesão de diversas escolas do município, de organismos públicos de defesa à infância e juventude e apoio da Guarda Civil Municipal, no controle do trânsito. Os manifestantes saíram pela portaria dos estudantes do Campus Campos Centro, na Rua Barão da Lagoa Dourada, e seguiram na direção do Fórum de Justiça Maria Tereza Gusmão. Em audiência na vara criminal à tarde, o estuprador foi condenado a pena de 14 anos de reclusão.

Servidores que integram a gestão do campus, o reitor do Instituto, Jefferson Manhães de Azevedo, e o diretor geral, Carlos Alberto Henriques, também participaram. Para Jefferson, "O mais importante de tudo é que esses alunos estão criando novos valores e a consciência de que para mudarem a realidade, precisam estar construindo essa nova realidade. A escola é um espaço importante para isso".

Carlos Alberto destaca a mobilização do segmento estudantil: "não imaginava que ia ter essa quantidade de alunos. É um movimento importante, juntando as escolas, os estudantes, em prol da segurança pública e das mulheres. E é bom ver o IFF encabeçando esse movimento".

O Genp, apoiado por segmento internos, como o Núcleo de Gênero, Diversidade e Sexualidade (Nugedis), mobilizou os estudantes do campus e visitou escolas estimulando à participação. "Essa adesão corresponde muito às nossas expectativas já  que essa, a da segurança pública, é uma pauta que não é só dos estudantes do IFF, mas de todas as escolas. Isso que ocorreu é por causa da falta dessa segurança. Então, todas as escolas têm de buscar essa pauta".

Durante a passeata, o brutal estupro coletivo de uma jovem na cidade do Rio de Janeiro, ocorrido recentemente, foi lembrado como um dos inúmeros casos desse tipo de violência ainda praticada contra as mulheres no país. Especificamente a mobilização teve como referência o estupro de uma estudante do campus, em março, quando  ela se aproximava do IFF.

De acordo com a coordenadora do Programa Fortalecer, da Fundação Municipal da Infância e Juventude, Valéria Peçanha, a elucidação de casos de estupro e a condenação dos agressores "anda é muito difícil". Ela também observou que a esperança de quem trabalha no Fortalecer "é a formação de multiplicadores e que as pessoas venham a denunciar, perdendo o medo".

Depoimentos

Fael Borges (estagiário do NUGED) - É de suma importância vermos que jovens estão se conscientizando cada vez mais cedo, a predominância aqui é de estudantes do Ensino Médio. Vejo isso com bons olhos, a forma como eles estão se colocando e se preocupando,  lutando contra o estupro, que tem sua raiz no machismo - que infelizmente é uma cultura - e que também  atinge as questões LGBT, as questões sociais de modo geral. Pra gente é muito gratificante.    

Alice Barroso (estudante do ensino médio)  - acho importante porque é uma forma de a gente mostrar que não concorda com esses acontecimentos e é uma forma também de a gente mudar a opinião das pessoas.

João Gabriel Monteiro (estudante do ensino médio) - É uma questão de respeito a existência humana, de forma geral. Não existe uma diferença de respeito. Essa questão do estupro, na concepção moderna, é uma coisa absurdamente deplorável. Se você  encontra isso num pais, é um lugar atrasado. A história da humanidade é uma história de se ter uma opinião e combater com ela. Há uma frase que li há algum tempo que diz: "você só pode ser ouvido pelos ouvidos moucos da exploração quando grita". Diz muito respeito a isso. Se expressar nessa passeata não é para perder seu tempo, mas para se expressar contra algo que não é ouvido há muito tempo.   

Paloma Kelly- Se a gente não falar com certeza não vai ter outra pessoa. Nós, jovens e mulheres, passamos por isso todos os dias. Eu, por exemplo, ando de ônibus e tenho de tomar um caminho mais longo porque o mais curto é perigoso. Isso acontece todos os dias. Eu sou mulher, tenho seios e genitália, mas não sou um pedaço de carne que você vai pegar e falar: vem cá gatinha! Nós temos de nos fortalecer e falar: nós somos iguais!

Antonio Barros
Comunicação Social do Campus Campos Centro