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Projeto Meninas Digitais mostra no IFF Campos Centro grave desigualdade na área
Tecnologias da Informação e Comunicação
Prestigiado, o evento trouxe ao IFF estudantes e participantes de várias instituições (Foto: Divulgação)
Uma pesquisa sobre mercado de trabalho na área de tecnologia, realizada em 2022, revelou que em um cenário de mais de 1 milhão de empregos no segmento de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), apenas 1/3 das vagas era ocupado por mulheres. Entre 2008 e 2018, as mulheres representaram apenas 15% no número de ingressantes no segmento de TI e em 2019 caiu para 13,3%. Entre as oito áreas destacadas como empregos do amanhã pelo Fórum Econômico Mundial, seis estão na área de tecnologia. Porém, a participação feminina é apenas de 30%. Dados como esses levam as participantes do projeto Meninas Digitais no Norte Fluminense - As Goytatecs - a promoverem ações visando mudar esse quadro. A necessidade de avançar na participação feminina foi tema da palestra debate: Computação no Brasil e a participação das Mulheres, realizado na quinta-feira, 30 de março no IFF Campus Campos Centro.
As professoras pesquisadoras do campus, Aline Pires Vasconcelos e Simone Vasconcelos, coordenadoras do projeto no IFF, tiveram como convidada a pesquisadora Ana Paula Bacelo, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul. A convidada é apontada por elas como um dos muitos casos de sucesso de participação feminina na área de TIC. Aline explicou que o Meninas Digitais existe há mais de 10 anos no país, sendo um projeto da Sociedade Brasileira da Computação e, no caso do IFF, é uma atividade de extensão. Um dos objetivos do Meninas é aumentar a representação feminina em cursos da área de Tecnologia da Informação (TI).
Desigualdade - A professora Ana Paula participou remotamente e apresentou dados e informações sobre a presença de meninas em cursos da área de computação, em grupo acompanhado por ela. Na apresentação que preparou para o evento, ela relatou casos de egressas que estão no mercado de trabalho, como uma ex-aluna formada em Sistemas de Informação que atua em uma empresa de aplicativo de transporte urbano na Europa. Ela começou por Portugal e depois fixou-se na Alemanha. Quando retorna ao Brasil, é convidada a ministrar palestras contando sua trajetória. Ana Paula explicou que empresas de tecnologia têm buscado muito as meninas com perfil hard skills (com habilidades desenvolvidas em cursos) e soft skills (com habilidades pessoais). O grupo trabalha para engajar as estudantes, visando melhores estratégias de pertencimento e diminuir desgastes no dia a dia.
A professora Simone Vasconcelos lembra os dados citados no início desta matéria para evidenciar um quadro de desigualdade: “A gente tem, hoje, um déficit muito grande de mulheres em cursos de computação e no mercado de tecnologia. É por isso que esse movimento, se torna cada vez mais forte. É importante também não existir apenas nas capitais, mas também nas cidades do interior, não é? Para que essa realidade mude. Eu não sei identificar quando, exatamente, essa diferença começou a ser gritante. Já estou nessa área há mais de trinta anos e na minha época de estudante, não tinha essa diferença tão grande. Hoje, a diferença é enorme!", alerta a pesquisadora.