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Consumo de bebida alcoólica por alunos preocupa equipe médica
IFF CAMPOS CENTRO
Considerada porta de entrada para o começo da dependência química, a bebida alcoólica tem tido espaço significativo na vida dos jovens de 12 a 17 anos, como apontou o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). E o álcool na vida dos estudantes tem sido presenciado pela equipe médica do Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Campos Centro, que se mantém preocupada com a situação.
Coordenadora do setor de Saúde e Qualidade de Vida do campus, a médica Gabriella Guedes afirma que, mesmo sendo lícita a venda e o consumo, a bebida é considerada uma droga e que o uso sistemático poderá levar ao desenvolvimento de uma cirrose hepática, pancreatite e até o agravamento da diabetes.
“Nos ambientes escolares geralmente é onde a gente encontra (a bebida alcoólica). Hoje a gente pode dizer que houve um aumento considerável, porque é onde a gente encontra a aglomeração desses adolescentes. Aqui no Campos Centro e conversando com médicos de outros campi, psicopedagogas de escolas municipais e estaduais a gente encontra um aumento. Na pesquisa (da Fiocruz) apontou esse aumento. Existe a preocupação, sim. Esses alunos estão na fase do desenvolvimento, tem um prejuízo intelectual e cognitivo”, alerta.
Iniciação - Segundo a pesquisa da Fiocruz, que é o levantamento mais completo sobre o uso de drogas no Brasil divulgado em agosto, 7 milhões de indivíduos menores de 18 anos disseram ter consumido bebida alcoólica na vida. A idade mediana de início de consumo foi de 15,7 anos, entre os homens, e 17,1 anos entre as mulheres.
Gabriella afirma que, para diminuir o consumo de bebida alcoólica entre os adolescentes, é preciso que os pais, professores, inspetores escolares e até os amigos fiquem atentos e incentivem a não consumir. “A gente faz acompanhamento multidisciplinar com psicólogos quando somos procurados”, disse.
A médica Heloiza Rangel disse que a bebida alcoólica é uma porta de entrada perigosa para outras drogas ilícitas, como a maconha e a cocaína, e que o uso precoce poderá levar à dependência química.
“Eu vejo que, na maioria das vezes, é uma forma de fuga deles (alunos) por estarem passando por algum drama familiar ou ausência da família. E aí eles tentam sufocar isso com o prazer da bebida. A gente encaminha para o psicólogo e quando o aluno é menor comunicamos aos pais. Já tivemos que remover um estudante para o hospital em coma alcoólico”, conta.
Contramão - Alunos do Curso Técnico de Eletrotécnica do campus, de 17 anos, relataram que é comum presenciar alunos da mesma faixa etária consumindo bebida alcoólica. “Sempre tem gente que fica bebendo e fumando, garotos da nossa idade. Isso não dá futuro. Eles deveriam se empenhar em ter uma carreira”, conta um.
“Acho que quem já consumiu fica incentivando o amigo a beber também. Tive um amigo que se envolveu com bebida e piorou o desempenho nos estudos”, relata o outro.
Os nomes dos alunos foram suprimidos porque a reportagem entendeu que o fato de eles serem menores de idade e o tema ser sensível e passível de críticas pelos responsáveis poderia acarretar desentendimentos, o que não é o objetivo.
O 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira foi coordenado pela Fiocruz e contou com a parceria de várias outras instituições, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a Universidade de Princeton, nos EUA.