Notícias
Bienal do livro teve participação de 70 alunos e servidores do Campus Bom Jesus
Viagem literária
Uma e vinte da manhã. O primeiro apressado dá a deixa no grupo do WhatsApp: “estou indo!” Quarenta minutos de antecedência era uma boa margem de segurança para garantir que o ônibus, marcado para sair às duas, não o deixasse para trás. Duas em ponto o veículo ainda não havia estacionado, mas os 61 estudantes da lista já aguardavam ansiosos pela chamada, iniciada poucos minutos depois pelo professor Leandro Costa: "não faltou ninguém. Todos aqui!".
Embarque liberado, todos se acomodaram com destino à famosa Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro. A noite foi de frio, sono e espera... difícil espera! Até que amanheceu e, para alguns, os minutos pareciam não passar. "Viajamos horas, horas e horas, e nunca chega", comentou uma aluna. “Já foram sete horas", precisou a colega do lado. A professora Angela Poz, idealizadora da viagem, mal podia se aguentar. Só não passou as tais sete horas de viagem falando sobre literatura porque embarcou em Italva, uma hora depois. Paixão declarada!
Enquanto não chega, melhor aproveitar a paisagem e "turistar". "É esse o túnel Zuzu Angel?", pergunta um curioso. "Não, o Zuzu Angel é na Gávea", explica o professor Leandro, escolhido guia da excursão. Até que a frase mais esperada do dia foi proferida, pela teacher Flávia Vital: "Estamos chegando!" Algumas horas, congestionamento, filas, multidões e unhas roídas depois, vitória! – O Instituto Federal Fluminense Campus Bom Jesus estava oficialmente na XVIII Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro.
A sede por livros era grande, mas a longa viagem também deu fome: a primeira parada foi na praça de alimentação, para repor as energias e manter o pique durante toda a tarde, que foi cheia de aquisições, descobertas, poses, fotografias e muita caminhada entre as centenas de expositores, cenários, ambientes temáticos e, claro, pessoas: anônimos, famosos, anônimos conhecidos – não é, alunos do Campus Cambuci? – e famosos “desconhecidos” – Tadeu Schmidt, a galera agradece pela foto; temos certeza que eles não esquecerão seu nome novamente!
Foi também dia de realização de sonhos, sonhados há muito tempo. Bruno Leonardo, aluno do curso técnico concomitante em Agropecuária, que o diga! A primeira oportunidade de participar da Bienal chegou durante seu ensino fundamental, mas a falta de contato com a leitura, apontada pela ausência de empréstimos na biblioteca da escola, impediu a ida. “Vi alguns amigos indo e eu não pude ir. Fiquei muito triste e aí minha amiga me apresentou o livro 'Minha vida fora de série', da autora Paula Pimenta. Comecei a ler e aí começou meu interesse total pela leitura”, lembra. Parece que a história mudou – ele não apenas comprou toda a coleção da autora (totalizando 16 publicações), como também adicionou outros 11 novos títulos à sua biblioteca pessoal. “Foi a melhor coisa do mundo estar ali comprando e ver tudo aquilo; era como olhar para um mundo novo, porque o livro faz isso: te leva a outros lugares, outras dimensões, te permite ser quem você queria ser e não é, ou ser totalmente quem você é de verdade, que às vezes você não pode ser”, entusiasma-se.
Pernas cansadas e pés doloridos não foram suficientes para estragar a terça-feira da Raphaela Machado, que sonha um dia estar entre os autores encontrados por lá. Enquanto esse dia não chega, ela se contentou com a satisfação de se reconhecer nas páginas dos livros adquiridos durante as longas caminhadas pela Bienal. Empatia foi o principal critério para a escolha de suas novas referências bibliográficas, que tratam de assuntos como empoderamento feminino e bullying, experiência que ela teve o desprazer de viver em alguns momentos da vida. “Ler sobre o assunto dá a sensação de que você não está sozinha”. (Não estávamos. Não estamos.)
Nove da noite, hora de unir as energias restantes para voltar ao “mundo real”. Não demorou muito até que todos estivessem em seus lugares. A paisagem do caminho de volta não teve plateia, já que o cansaço e o sono fizeram check-in para o retorno. Assim sendo, não demorou muito a, às cinco da madrugada, a professora Flávia ser, novamente, a portadora das boas notícias – “mission accomplished”, resumiu com impecável inglês. No desembarque, muitos quilos de novas publicações e uma bagagem de sonhos que ficou ainda maior – “essa experiência tem um valor imensurável, porque nós não sabemos até onde alcança o aprendizado que os alunos adquirem nesta visita. Não sabemos até onde vai o poder disso”, tentou dimensionar a professora Angela Poz, que resumiu a viagem parafraseando um de seus autores favoritos: “Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas” (Mario Quintana).